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Depressão

Atualizado: 2 de mai.

“E nesse momento de angústia, me valho de mim mesma. No encanto de tantas outras coisas, diga-me quem sou. Sou dor, sou só, sou eu e puro vazio.” (Lana Ito)

Ela começa silenciosa e quando menos se espera se instala. Tristeza, desânimo, perda do interesse por coisas que antes davam prazer, já não possuem o mesmo sabor. Parece que as coisas perderam o colorido, tudo parece ser mais cinza e sem graça.

A depressão é um transtorno depressivo, que incluem outros transtornos de humor e tem como característica a presença de humor triste, vazio, ou irritável, no Manual Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) é classificada com outros transtornos depressivos.

Os tipos de depressão são: Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor, Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Depressivo Persistente, Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, Transtorno Depressivo Induzido por Substâncias/Medicamento, Transtorno Depressivo Devido a Outra Condição Médica, Transtorno Depressivo Especificado e Outro Transtorno Depressivo Não Especificado. (DSM-5-TR, 2023)


Sentir-se triste em algum momento da vida é absolutamente normal, a vida às vezes nos convida a estarmos diante de situações que podem nos trazer tristezas. Diga-se de passagem, a tristeza passageira. Não é dessa tristeza que estamos falando, mas da melancolia patológica, ou seja, a depressão grave, o transtorno depressivo maior. Que nada tem a haver com a tristeza comum.


Cada abordagem teórica na psicologia compreende a origem da depressão de uma maneira específica, isso também se aplica ao tratamento psicoterapêutico. Todavia, ficaremos aqui apenas com a perspectiva psicanalítica.


A depressão pode ser entendida pela psicanálise segundo Nasio (2022), como uma tristeza anormal, provocada por uma trágica desilusão. E quanto mais alta a ilusão narcísica, mais difícil será a queda da desilusão. Essa queda por quem passa pela ilusão narcísica é vivido como choque emocional. Esse choque, pode derivar de situações como: a descoberta de uma infidelidade que não se suspeitava, de um luto inesperado, muito doloroso, de uma demissão improvável, da perda de valor monetário, entre outros. Mas ocorre que nem sempre é possível definir o motivo, principalmente quando não se trata de um único motivo, mas um acúmulo de dissabores, decepções e humilhações.

A depressão possui graus: leve, moderado e grave. Com características psicóticas, com sintomas ansiosos, com características mistas, melancólicas, atípicas. Mas em todos os graus a pessoa apresenta rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Se você está deprimido, mas tem um motivo que justifique essa tristeza, como por exemplo: perdeu um ente querido, um animal de estimação recentemente, perdeu o emprego, terminou um relacionamento, não há problema em se sentir deprimido. Mas se essa tristeza não tem nenhum motivo que justifique o humor deprimido, a sensação de vazio, a perda do interesse ou prazer por coisas que antes te dava satisfação, nesse caso, merece atenção.


A depressão também é percebida como um sintoma do sujeito diante das demandas da sociedade contemporânea, depressão então seria "o nome contemporâneo para os sofrimentos decorrentes de tais perdas de lugar, dos sujeitos junto à versão imaginária do Outro. O sofrimento decorrente de tais perdas de lugar, no âmbito da vida pública (ou coletiva) atinge as certeza imaginárias que sustentam o sentido de ser." KEHL (2009, p. 106) Nesse sentido, uma sociedade em que a tristeza, os desânimos, as simples manifestações da dor de viver parecem intoleráveis em uma cultura que aposta na euforia como valor agregado a todos os pequenos bens em oferta no mercado.


A depressão impacta a vida do indivíduo, retira a capacidade de prazer, sentido de viver, gera prejuízos, sendo uma das causas de afastamento do trabalho. É importante que ao perceber sinais dos sintomas da depressão que ocorram na maior parte do dia, na maioria dos dias, por mais de duas semanas, procurar ajuda profissional. Em casos leves o tratamento com o psicólogo em psicoterapia pode resolver, mas em graus mais elevados é necessário o tratamento medicamentoso, feito com acompanhamento pelo médico psiquiatra.



Algumas causas da depressão na teoria psicanalítica


De acordo com Zimerman (2007), a depressão anaclítica; resulta de um primitivo “vazio de mãe”; Há a depressão por perdas: tanto de objetos importantes – especialmente quando foram perdas prematuras, traumáticas e significativas – como também de partes do ego, tal como acontece nas “depressões involutivas”, quando o sujeito que está entrando em idade mais avançada sente estar perdendo o vigor físico, a concentração, a memória, etc.

A depressão por culpas: neste caso, a depressão é determinada pela ação punitiva de um superego tirânico. Identificações patógenas: em especial aquelas que, particularmente, a denominação de “identificação com a vítima”. Ruptura com os papéis designados: a depressão provém da ação de um “ego ideal” – que obriga o sujeito a corresponder aos inalcançáveis ideais que o seu narcisismo original exige, bem como de um “Ideal de Ego”, que resulta das expectativas grandiosas que os pais e o ambiente depositaram no sujeito, desde bebezinho, atribuindo-lhe papéis que ele deverá executar pelo resto da vida, caso contrário, despertam nele uma sensação de traição, vergonha e humilhação.


Causas da depressão

Não há unanimidade sobre as causas da depressão, existem divergências em pesquisas e discursões a respeito do tema. Alguns pesquisadores defendem que é um transtorno psicogênico, outros consideram que seja um fator de causa orgânica.



Sintomas:


- Humor deprimido, perda de interesse ou prazer

- Sentir-se triste, vazio, sem esperança

- Agitação, perda de apetite e peso, ou ganho excessivo de peso

- Insônia ou hipersonia

- Agitação ou retardo psicomotor

- Fadiga ou perda de energia

- Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva

- Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar

- Pensamento recorrente de morte, ideação suicida recorrente

- Comportamento autodepreciativo, desejo de morrer

Necessário pelo menos cinco (ou mais) dos sintomas presentes durante o período de duas semanas. Qualquer pessoa pode vir a desenvolver depressão, ela pode ocorrer em todas as idades, no entanto, costuma ser mais frequente em mulheres.

A pessoa deprimida tende a ter sentimentos e pensamentos negativos em relação a si próprio. A depressão maior, que é a depressão grave, precisa ser tratada inclusive com medicamentos que estabilizem os sintomas. A doença gera sofrimento e prejuízos a vida pessoal e profissional, pode incapacitar o indivíduo como mencionado anteriormente, os sentimentos de desvalia, ou culpa, autorrecriminação por estar doente podem ocorrer. Levar a ideação suicida, a tentativa, ou a execução do ato em si. Nesse caso, desejando por fim a um estado emocional extremamente doloroso. O Centro de Valorização a Vida (CVV), realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária todas as pessoas que querem conversar por telefone, e-mail, chat 24h.


Depressão não é frescura, nem falta de Deus, é uma doença grave, com considerável risco de suicídio.

O diagnóstico precoce pode evitar o agravamento da doença, ter uma rede de apoio, poder contar com a família e amigos também pode ajudar. A pessoa que sofre com depressão comumente sente-se um fardo pra quem está próximo, cobranças e reclamações em relação ao estado dela só vão piorar ainda mais a sua condição. Ao perceber alguém próximo a você com sinais de depressão, busque ajuda.



 



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𝐿𝐼

Lana Ito

Psicóloga CRP 06/184345 | Psicopedagoga

Insta: @lanaito








 

REFERÊNCIAS


AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. 5.ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2023.

NASIO, J, D. A depressão é a perda da ilusão. Tradução: Clovis Marques, Editora, Zahar.

ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos[recurso eletrônico]: teoria técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 2007.

KEHL, M. R. O tempo e o cão : a atualidade das depressões. São Paulo : Boitempo, 2009.

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